Pós-Covid-19: as principais preocupações das empresas a curto-prazo
Riscos e ResiliênciaArtigo24 de julho de 2020
Com o risco de uma recessão profunda a centrar as atenções mundiais são precisas abordagens globais que integrem sustentabilidade, tecnologia e comunidades. O estudo Covid-19 Risks Outlook: A Preliminary Mapping and Its Implications confirma isso mesmo.
Depois do confinamento as economias mundiais começam, gradualmente, a reabrir. À medida que a névoa do primeiro semestre de 2020 se desvanece, tornam-se claros os desafios que resultam da pandemia de Covid-19, e que vão muito para além do foro da saúde.
O risco de uma crise profunda – sobretudo com os riscos de novas vagas do vírus – domina as preocupações globais. No estudo Covid-19 Risks Outlook: A Preliminary Mapping and Its Implications do Fórum Económico Mundial, em parceria com a Zurich e a Marsh, lançado em maio de 2020, 350 gestores de risco de todo o mundo apontam as consequências económicas como as mais prováveis e mais preocupantes para o mundo e para os negócios.
Maiores preocupações imediatas
- Recessão prolongada
- Falências de negócios
- Desemprego
- Protecionismo
- Restrições à circulação de bens e pessoas
- Enfraquecimento da situação fiscal das principais economias
- Colapso das economias emergentes
Embora benéfico para conter a onda epidemiológica, o grande confinamento global, provocou a imobilização parcial ou mesmo total de certos setores, assim como das cadeias de abastecimento, acelerando a fragilidade das principais economias, já sinalizada antes do Coronavírus Covid-19. Em paralelo, a fatura dos pacotes de estímulo lançados em vários países pode ter que ser paga com uma dívida prolongada crescente, prejudicando o investimento público e privado.
Que tipo de respostas implementar perante este cenário?
A crise de 2008 deixou ao mundo uma importante lição estrutural: o curto prazo não é uma resposta viável a uma crise sistémica. Respostas focadas estritamente numa dimensão económica de curto prazo ignoram consequências em cadeia e os riscos interconectados de um mundo globalizado.
Então, esta é a oportunidade para começar a integrar perspetivas de longo prazo nos esforços de recuperação global, gerindo simultaneamente os riscos de curto prazo.
Construir resiliência a partir de respostas multidimensionais
Ao apontar também as dimensões tecnológicas, sociais e de sustentabilidade neste novo quadro de riscos emergentes e interligados, o relatório Covid-19 Risks Outlook: A Preliminary Mapping and Its Implications deixa sinais claros da necessidade do pensamento de longo prazo.
Algumas áreas onde é necessário construir esta resiliência são facilmente identificáveis: o desemprego em larga escala aumenta o risco de maiores desigualdades; o isolamento, o medo de contágio da doença e o teletrabalho podem ter consequências na saúde mental; os riscos de ciberataques à invasão de privacidade resultantes da adoção rápida de comportamentos digitais.
As consequências da pandemia na sustentabilidade são igualmente preocupantes, sobretudo porque o tema pode vir a ser ignorado em detrimento da urgência económica. À medida que a economia reabre, aumentam também os riscos de uma lógica de ‘recuperação a todo o custo’, subvertendo políticas ambientais e adiando a tão urgente transição para uma economia de baixo carbono.
Economia e sustentabilidade não são incompatíveis. Abordagens como a do bloco europeu, que une os planos de recuperação ao Pacto Ecológico Europeu, mostram que é possível integrar os objetivos ambientais com a retoma económica. Esta é também uma forma de reduzir o risco de futuras pandemias, relacionadas com as alterações climáticas ou com a destruição da biodiversidade.
Este tipo de abordagem integrada alarga-se, naturalmente, às dimensões sociais e tecnológicas. A superação da crise vai depender da forma como forem desenhadas respostas multidimensionais. Tal como na resposta ao vírus – que motivou uma coordenação quase global dos países e entidades de saúde –, a superação da crise terá de ser uma conquista baseada no diálogo global.
