Lição 3: Reduzir dívidas
Literacia FinanceiraArticle2 de abril de 2025
Gerir várias dívidas pode ser assustador e levar a alguns erros que nos podem sair caros. Muitas pessoas priorizam pagar primeiro dívidas mais pequenas, à procura de pequenas vitórias, mas tal pode atrasar a sua liberdade financeira. Em alternativa, focar-se nas dívidas com as taxas de juro mais altas reduz o montante total a ser pago.
Esta lição explora a psicologia por detrás das escolhas que fazemos para saldar dívidas e explica uma estratégia alternativa que o ajuda a poupar dinheiro e a acelerar a sua jornada para se ver livre de dívidas.
Gerir várias dívidas pode ser assustador e deixa-nos inseguros sobre a melhor estratégia para reduzir o seu impacto financeiro.
Tipicamente, as dívidas têm três características principais: o valor emprestado, prazo de pagamento e taxa de juro. Em geral, quanto maior a dívida, mais tempo demora a pagar. Mas é a taxa de juro, combinada com o prazo de pagamento, que impacta significativamente o montante total a ser pago.
Com o tempo, os juros acumulam-se e as dívidas com taxas mais altas tornam-se as mais elevadas, resultando em pagamentos maiores durante o período para o reembolso. Torna-se, assim, crucial adotar uma estratégia eficaz para saldar a dívida.
Ao gerir várias dívidas, dar prioridade ao pagamento daquelas com as taxas de juro mais altas pode gerar poupanças significativas ao longo do tempo, pois minimiza o total de juros pagos e deixa-o mais perto de se ver livre de dívidas. Ainda assim, muitas pessoas optam por pagar primeiro as dívidas com saldos menores, independentemente das taxas de juro, na tentativa de diminuir o número de dívidas que gerem. Esta estratégia pode trazer uma sensação de simplicidade e progresso, porque saldar contas menores pode parecer eficaz. No entanto, pode ser mais cara e levar a um maior esforço financeiro, pois atrasa a liquidação das dívidas.
Frequentemente, priorizamos dívidas mais pequenas por duas razões psicológicas principais: a facilidade cognitiva e a sensação de realização.
1. Facilidade Cognitiva pela Simplificação das Dívidas
Quando existem várias dívidas, muitas pessoas preferem pagar primeiro as contas mais pequenas, independentemente dos juros. Esta mentalidade de solução rápida proporciona uma sensação imediata de controlo, ao reduzir o número de dívidas a acompanhar, além de fomentar a ilusão de controlo e melhor gestão financeira. Mas, este método cria uma falsa sensação de progresso; embora menos contas pendentes possam sugerir avanço, a realidade é que o peso financeiro total é significativamente influenciado pelos juros das dívidas. Pagar dívidas menores pode aliviar temporariamente a carga mental de gerir várias dívidas, mas acaba por prejudicar uma estratégia mais eficaz: concentrar-se nas dívidas com juros altos para reduzir a dívida total e alcançar a saúde financeira a longo prazo.
2. Sensação de Realização para Prevenir o Medo de Múltiplas Dívidas
Pagar dívidas pode frequentemente ser desencorajador, pois pode parecer que o dinheiro ganho arduamente está apenas a cobrir obrigações anteriores, em vez de construir um futuro financeiro melhor. Para combater esta frustração, algumas pessoas optam por pagar primeiro as dívidas menores, pois isso oferece satisfação psicológica imediata e uma sensação de realização. Esta "vitória rápida" oferece não apenas um impulso temporário na moral, mas também uma sensação de progresso. Embora esta abordagem crie uma sensação satisfatória de conquista, não acelera necessariamente a jornada para se ficar livre de dívidas. Por fim, apesar da importância da satisfação com pequenas vitórias, a estratégia mais eficaz a longo prazo é em priorizar dívidas com juros altos.
Em resumo, as pessoas tendem a focar-se em reduzir o número de dívidas em aberto, em vez de adotar a estratégia de diminuir o montante total e dívida, ao focar-se nas dívidas com juros mais altos.
Reduzir o número de dívidas em aberto pode fazer com que a gestão das finanças pareça mais fácil e dar-lhe uma sensação de realização. No entanto, concentrar-se no montante total em dívida – abordando as dívidas com as taxas de juro mais altas primeiro – é uma estratégia melhor para alcançar a liberdade financeira mais cedo.
Quando não for possível pagar todas as dívidas na totalidade, a melhor abordagem é primeiro fazer os pagamentos mínimos de cada dívida para evitar taxas adicionais. Depois de cumprir estes mínimos, concentre-se em pagar a dívida com a taxa de juro mais alta o mais rapidamente possível. Assim que a liquidar, passe para a dívida com a próxima taxa de juro mais alta, e assim por diante.
Esta estratégia pode ser dividida em três passos.
1. Concentre-se no montante total da dívida, não no número de dívidas
Para se livrar das dívidas de forma mais eficiente, comece por calcular o seu montante total em dívida, incluindo a taxa de juro de cada uma, para obter uma imagem clara do seu verdadeiro impacto financeiro. Relembre o seu objetivo: reduzir o montante total em dívida em vez de apenas o número de dívidas.
2. Priorize as dívidas com juros mais altos primeiro
Identifique as dívidas com as taxas de juro mais altas e dê prioridade a pagar estas. Comece por concentrar-se na dívida com a taxa de juro mais alta, depois passe para a próxima mais alta quando a primeira estiver liquidada. Assim, evita a falsa sensação de progresso que pode surgir do pagamento de dívidas menores e com juros mais baixos. Em vez disso, verá um progresso significativo na redução do montante em dívida e do montante total de juros pagos. Esta estratégia acelera a sua jornada para se livrar das dívidas, reduzindo o custo crescente dos juros, que de outra forma prolonga significativamente o pagamento.
3. Evite envolvimento emocional
Os fatores emocionais podem turvar o nosso julgamento quando se trata de priorizar o pagamento de dívidas. Podemos ter tendência a priorizar dívidas pelas quais sentimos mais culpa ou arrependimento, como umas férias. Este envolvimento emocional pode levar-nos a negligenciar dívidas com juros mais altos que requerem atenção imediata. Ao manter a objetividade, garante que o foco permanece nas escolhas financeiramente mais sensatas, permitindo concentrar-se em pagar primeiro as dívidas com juros mais altos.