Lição 5: Compras por impulso

Literacia FinanceiraArticle2 de abril de 2025

As compras por impulso frequentemente resultam em stress financeiro e objetivos de longo-prazo que não são cumpridos. A gratificação instantânea e fatores como a preferência temporal fazem com que seja difícil resistir. A regra das 24 horas oferece uma solução: espere um dia antes de qualquer compra não planeada. Este período ajuda-o a refletir e alinhar os seus gastos com os seus objetivos.

Experimente a regra das 24 horas para controlar melhor as suas finanças e fazer escolhas mais inteligentes.

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Todos enfrentamos desafios quando se trata de fazer escolhas financeiras. A tecnologia mais recente ou uma roupa irresistível são tentadoras, tornando difícil resistir ao encanto de uma nova compra. Mesmo quando sabemos que gastar mais do que o nosso orçamento não é ideal, o desejo de "mimar-nos" muitas vezes vence.

O resultado? Podemos acabar surpreendidos – e stressados – quando percebemos que exageramos nos gastos do mês. Compras impulsivas — sejam não planejadas ou compulsivas — criam um ciclo que não só esgota as nossas economias como causa um efeito cascata de stress financeiro e emocional.

Ao longo do tempo, estes hábitos descontrolados deixam-nos menos preparados para o futuro e podem afastar-nos do caminho para alcançar objetivos importantes da vida.

Existem dois fatores psicológicos que influenciam as compras por impulso.

O primeiro reduz o autocontrolo antes da compra, tornando-a irresistível, enquanto o segundo gera um conflito interno após a compra.

1. Preferência temporal

Do ponto de vista financeiro, quando enfrentamos uma escolha entre receber dinheiro agora ou mais tarde, a melhor opção é aquela que maximiza os nossos ganhos. No entanto, muitas vezes preferimos recompensas menores e imediatas em vez de maiores, mais tarde, uma tendência conhecida como preferência temporal.

Por exemplo, muitos de nós preferimos receber 250€ imediatamente do que esperar um mês para receber 280€. A satisfação de uma recompensa instantânea parece mais real e certa, enquanto esperar parece arriscado e intangível. Esta tendência torna mais difícil adiar compras, mesmo que fazê-lo nos traga maiores benefícios financeiros.

2. Dissonância cognitiva

A dissonância cognitiva é o desconforto que sentimos quando as nossas ações entram em conflito com os nossos valores ou objetivos.

No que toca a gastos, isso acontece quando compramos algo por impulso que contradiz a nossa intenção de poupar ou de cumprir com o orçamento. Podemos sentir-nos entusiasmados no momento, mas depois, frequentemente, sentimos culpa por ir contra os nossos objetivos financeiros.

Este conflito interno pode causar stress, porque lutamos com os sentimentos opostos de satisfação pela compra e culpa pelo gasto. Por exemplo, se comprar impulsivamente um novo par de sapatos apesar do seu objetivo de poupar para uma despesa maior, como umas férias em família ou uma renovação em casa, pode desfrutar da emoção da nova compra, mas simultaneamente sentir o desconforto de se ter desviado do objetivo.

Este conflito interno repetido – dissonância cognitiva – leva à frustração e ao arrependimento financeiro, ao perceber que estas compras por impulso prejudicam os nossos objetivos financeiros.

Para ajudar a controlar as compras por impulso, considere uma ferramenta simples e eficaz: a regra das 24 horas.

Esta técnica envolve esperar um dia inteiro antes de fazer qualquer compra não planeada. Ao introduzir uma “pausa para reflexão” de 24 horas, dá-se tempo para se afastar do impulso e pensar calmamente sobre a compra, ponderando o seu impacto no bem-estar financeiro.

Imagine que se sente tentado a comprar um gadget caro por impulso. Fazer uma pausa de 24 horas dá-lhe a oportunidade de refletir sobre se esta compra é realmente necessária e como se alinha com os seus objetivos financeiros.

Esta pausa para reflexão funciona em etapas. Primeiro, reduz o desejo imediato de gastar, que muitas vezes pode parecer irresistível. Ao acalmar-se, está mais apto a pesar outras opções, como poupar o dinheiro de forma mais objetiva. Depois, tem espaço mental para considerar o impacto financeiro a longo prazo da compra, permitindo-lhe tomar uma decisão mais consciente sobre se deve avançar com a compra.

A regra das 24 horas ajuda a contrariar a preferência temporal, alterando a decisão de gastar 250€ de “agora” para “amanhã”. Como a opção de gastar deixa de ser imediata e não proporciona satisfação instantânea, o impulso perde parte do seu poder, tornando-se mais fácil de resistir. Este adiamento coloca a decisão no futuro, onde o desejo de gratificação instantânea é diminuído.

Está então em melhor posição para considerar os benefícios de poupar em vez de gastar. Adicionalmente, a regra das 24 horas reduz a dissonância cognitiva ao criar um período de “arrefecimento” que permite reavaliar as suas motivações. Fazer uma pausa, dá-lhe tempo para considerar se a compra realmente se alinha com os seus valores e objetivos a longo prazo, em vez de ceder a um impulso momentâneo. Assim, garante que alinha os seus gastos com os seus objetivos e valores de poupança, reduzindo o stress de sentir que está a comprometer as suas prioridades.

Em última análise, a regra das 24 horas permite um controlo eficaz sobre os impulsos, ajudando a distinguir entre necessidades genuínas e desejos passageiros. Esta abordagem apoia decisões financeiras que se alinham com os seus objetivos e valores, travando as compras por impulso.